Baiano Lucas Ferreira, o Ratto, vence O Red Bull Paranauê
A final da competição Red Bull Paranauê aconteceu na tarde de ontem no Farol da Barra, Salvador – Bahia.
Quem disse que santo de casa não faz milagre? Sob os olhares da torcida e, por quê não, de todos os santos da Bahia, Lucas Dias “Ratto” provou todo seu talento e se consagrou “o capoeirista mais completo do mundo” no Red Bull Paranauê. Ele superou outros 15 capoeiristas e levantou o troféu da competição em sua terra natal, Salvador (BA).
Dezesseis capoeiristas em busca de um título: ser o “mais completo do mundo”. Para vencer a primeira edição do Red Bull Paranauê, que aconteceu no Farol da Barra na tarde de ontem, não era preciso ser apenas um bom capoeirista, mas demonstrar que sabe jogar e tem ginga em três dos principais segmentos da luta: angola, regional e contemporânea. Para avaliar o estilo e precisão dos golpes dos participantes, seis mestres – dois especialistas em cada tipo de toque – foram convidados: Nenel, Itapuã, Jogo de Dentro, Vírgilio, Paulinho Sabiá e Capixaba.
A grande final
O último jogo foi entre Lucas Dias “Ratto” e o paulista Arthur Santos “Fiu”. Os toques escolhidos para os últimos jogos foram o de São Bento Grande, representando a capoeira Contemporânea, e o de Jogo de Dentro, representando a capoeira Angola.
“Acho que meu diferencial foi o toque São Bento Grande. Como sou da capoeira Contemporânea, esse era meu forte, principalmente pela minha rapidez e pela facilidade de fazer acrobacias no ar”, diz o campeão.
Mas, mesmo com Ratto levando o título do evento, todos os capoeiristas saíram com a sensação de que ganharam, principalmente, muita experiência e amizades no Red Bull Paranauê.
Foi maravilhoso. A experiência como um todo, as aulas, o campeonato, foi tudo muito bom. Tivemos praticamente uma aula particular com os Mestres, nem todas as pessoas têm a oportunidade de vivenciar isso. Pra quem vive de capoeira, como eu, isso não tem preço.
Arthur Santos Fiu
Sou suspeito para falar, passei os melhores dias da minha vida aqui. Todos do grupo que eu faço parte estava do meu lado dizendo que eu era capaz. Meu professor me disse, uma noite, “você vai ganhar”. Eu nem acreditava. E eu ganhei!
Lucas Dias Ratto
Na Platéia
E o público de baianos e turistas, que vibraram a cada movimento mais ousado, viram um soteropolitano, Lucas Ferreira, o “Ratto”, ser campeão. “É muito importante para mim ser primeiro vencedor do campeonato. Não me vejo como um campeão da capoeira, mas um campeão da competição”, disse o atleta de 31 anos.
A torcida, segundo Ratto, fez toda a diferença para a vitória dele. “Eu estava em casa, né? Meu apelido é rato porque sou um rato de roda. Estava aqui com meus amigos na plateia também e foi muito bom sentir essa energia”, comemorou.
A turista catarinense Alessandra Espinola, 42 anos, não tinha um participante favorito, mas estava torcendo por todos. “Soube pela internet do campeonato e vim para assitir. Gosto muito de capoeira e achei o evento bem massa. Acredito que esse tipo de evento é muito bom para divulgar a capoeira”.
Já o casal de capoeiristas Erica Almeida e Edson Negrete compareceram ao evento com o filho Denen, de 3 anos, para torcer pela baiana Débora Pérola, única participante feminina da competição. “É importante ver a capoeira acontecendo no berço dela e ver ela ser levada para vários outros países. Como mulher, me senti representada por ela”, disse.
O campeonato Red Bull Paranauê contou com o apoio da Prefeitura de Salvador, por meio da Empresa Salvador Turismo, a Saltur. “É muito importante poder unir esse conteúdo que temos que é o patrimônio imaterial da capoeira com a ação de promoção da cidade”, declarou o presidente do órgão, Isaac Edington.
Mais de 3500 pessoas estiveram no Farol da Barra para assistir a Mestres renomados julgando alguns dos maiores capoeiristas do mundo na busca pelo mais completo de todos.
Impressões
“Através de toda a plataforma da Red Bull, temos uma cobertura internacional que ajuda a levar a imagem de Salvador para fora do Brasil. O evento foi uma ótima oportunidade de valorizar as iniciativas que fazem todo o sentido para nossa cultura e promover, ao mesmo tempo, a nossa cidade para o mundo”, completou Edington.
A curadoria do evento ficou por conta do Mestre Sabiá, com 30 anos de experiência em capoeira. “Na minha avaliação, a grande campeã do Red Bull Paranauê é a própria capoeira. Ela precisa ocupar novos espaços com um olhar diferenciado e esse evento cria essa possibilidade”, disse Sabiá.
“A capoeira é esporte, é arte, é dança, é cultura. Ela é muito complexa, com um universo muito grande, é difícil dizer quem é o melhor, mas é possível mostrar o mais completo”, explicou. Segundo o Mestre, a expectativa é que o evento continue acontecendo, com seletivas em diversas partes do mundo.
Tanto as seletivas quanto a grande final buscaram manter a essência da Capoeira e perpetuar os ensinamentos de grandes nomes como Mestre Bimba, Mestre Pastinha, Mestre João Grande e outros. As regras e o conceito envolviam mostrar as habilidades dos participantes em três dos principais segmentos da Capoeira: Angola, Regional e Contemporânea.
Como prêmio pela vitória, Ratto ganhou três dias na academia do Mestre João Grande em Nova York (EUA).
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