Capoeira é “gatilho” para o empoderamento feminino

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Capoeira é “gatilho” para o empoderamento feminino

 

A cultura popular, a arte e o esporte são ferramentas que permitem resgatar a essência do ser humano, despertando valores que fazem mudar olhares e, consequentemente, geram mais respeito, empatia e compaixão, segundo a educadora física jundiaiense Aline Longui, de 35 anos. Capoeirista há 21, ela usa a expressão cultural para realizar projetos sociais, incluindo um somente com mulheres na cidade, dentro da proposta de empoderamento feminino e fortalecimento de identidade cultural.

“São reflexões acerca do resgate da nossa essência perdida enquanto mulher, mãe e profissional, que muitas vezes segue padrões impostos pela sociedade sem ao menos saber se ela está feliz ou não. A mulher, dentro do contexto histórico de uma sociedade patriarcal, deixou de lado seus sonhos e sua vida. E através da arte ela encontra caminhos e possibilidades”, diz Aline, que acredita que o empoderamento feminino é a consciência coletiva, expressada por ações para fortalecer as mulheres.

A luta para combater o machismo que segue enraizado na sociedade, mesmo em tempos modernos, é diária. Segundo a capoeirista, ainda há muito para percorrer e muita coisa já foi conquistada pela luta de mulheres na história. “Sem a luta do passado não seria possível a continuidade do presente. Muita coisa mudou, mas muito há de se fazer, pois ainda há muita desigualdade, preconceito e exclusão”, acredita. “A capoeira é muito similar. É a resistência de um povo, luta de libertação, igualdade e resiliência. Quilombos são criados a cada momento. Temos uma história, ancestralidade e identidade”.

A esperança é de um futuro melhor. E para isso, a educação é fundamental, com investimento em políticas públicas e formação vinda de casa. “Esporte, lazer e cultura, possibilitam caminhos que trabalham valores, como o respeito. Por isso que o investimento em políticas públicas possibilita oportunidades. Para ensinar valores não existe idade, mas acredito que as crianças são nossa esperança para o futuro”.

Competição na Bahia

A capoeirista participou, no último final de semana, da fase final do Red Bull Paranauê – torneio que busca revelar os capoeiristas mais completos do mundo -, em Salvador, na Bahia. Ela representou o estado de São Paulo na primeira final de uma categoria exclusivamente feminina, ficando entre as oito melhores colocadas.

“Foi uma surpresa para mim e uma vitória, pois não tenho o costume de participar de campeonatos, mas como vi que era uma proposta diferenciada, procurando uma visibilidade histórica para a capoeira, que carrega uma bagagem cultural de resistência à opressão e valores que são construídos através de um povo que foi escravizado, trouxe momentos de reflexões e de aprendizados”, explica Aline.

Ela conta que, além da competição, participou de vivências com mestres renomados no mundo da capoeira, além de aulas sobre fundamentos dos toques, educação infantil na capoeira e afrobetização – empoderamento através de histórias de princesas e rainhas negras. “Foram dias de aprendizados, trocas e muita experiência até o momento da final. Então saímos todos com a sensação de campeões, pois vivemos uma experiência inesquecível”, afirma. “Como o Mestre Sabiá comentou, estamos em constante processo de construção”, completa Aline.

 

Fonte: FELIPE TOREZIM – [email protected] – http://www.jj.com.br/

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