“Capoeiras” de Antigamente!

“CAPOEIRAS” DE ANTIGAMENTE!

“Quem engana aos outros, enganaprimeiro a si mesmo”.(filosofia – autor ignorado)

A vida e as façanhas de antigos “capoeiras” só podem ser encontradas em livros… ou nas páginas de crimes de velhíssimos jornais. Os fotógrafos daqueles tempos — “retratistas” ou “lambe-lambe” — não tinham interesse em registrar pobres e nem negros, apenas pintores e desenhistas, já pelos idos dos 1800 e tanto o fariam, eternizando em tela cenas das ruas das grandes cidades do Vice-Reino de Portugal e Algarves. Cronistas como Coelho Neto, Olavo Bilac e Luiz Edmundo deixaram páginas curiosas sobre a ação dos “capoeiras” cariocas, além de romancistas como Aluísio de Azevedo e historiadores também.Se a “ralé da pernada e da navalha” nascia entre o povo pobre e sofrido, no Rio dos 2 Pedros surgiu entre a nobreza também, bispos e deputados, comerciantes e senadores, jornalistas e poetas, alguns barões e condes, todos hábeis gingadores.

Nesta nossa Santa Maria de Belém do Grão-Pará — “nascida em dia azíago”, conforme o governador Mendonça Furtado, que detestava a região — tivemos “navalhistas” célebres, cujos nomes se perderam na distância. No “Compêndio das Eras da Província do Pará”, de ANTÔNIO BAENA, consta determinada passagem em que guardas rebelados fizeram (em 1754 ?) o “primeiro arrastão” de que se tem notícia, roubando as casas de nobres e abastados e “se pirulitando” lá pros lados do Amapá, de barco suponho. Nunca foram pêgos mas ía tudo para “os costados” da Capoeira. Se era ladrão, era “capoeira”… e pelos 2 séculos seguintes seria assim !Registro de berimbau soando na noite de Natal de 1584 temos no Diário do irmão Barnabé Tello que, junto com uns 20 frades, naufragou antes de chegar a Lisboa. Deixou registrado seu momento musical, talvez com o “berimbau de boca”, um ferrinho circular tendo a boca como “cabaça”. Com tal nome confirma que o verdadeiro “mbolungunga” — o BERIMBAU “de barriga” — já era conhecido.

Em recente entrevista no YouTube (2020) angoleiro da UFPA declara que um certo “Mundinho” seria o “capoeira” mais antigo de Belém, suponho que entre os vivos. Vivente ou não, é cedo para tal conclusão… desde os anos 50 vinham para Belém grupos artísticos, de música e dança, quase todos baianos, com “capoeiras” entre êles, está nos jornais da época tal informação, por vezes com fotos. Esses sujeitos quedavam por dias ou semanas e, quem sabem, até ensinavam uns e outros por aqui. O que se tem de certo é que — nos anos 70, quando alguns dos mestres atuais iniciaram — já gingavam por essas bandas um certo mestre “Decente” e um “Pula-Pula”, além do mineiro “Brinco Dourado”, em Icoaraci, segundo mestre Luís Carlos. Um tal de “Maranhão”, pelas palavras de mestre Fernando Rabelo, que “deu uns pulos lá pelo Ver-o-Peso e saltou fora”, após nocaute inesperado. Professores antigos em 1986/87 em Belém só Walcir, Romildo, Laíca, Rai, Brás, Silvério, Sapo, Waldecir e Nonato, fora um certo Edilson lá pros lados da Marambaia e o pouco visto “Pantera”, atuando junto ao Beto, isso em Marituba. Aparece agora o “intragável” “Caiçara” afirmando ser “da turma de 71″… para reprisar Nestor Capoeira. Como PROVA isso, nem me perguntem ! 

Foto Nato Azevedo – 1990

O jornalista Álvaro Martins, de O Liberal, citou em 1988 um programa da recém-fundada TV MARAJOARA, nos anos 50, protagonizado pelo hoje “Pierre Beltrand” (ou seria o prof. Klaus Keller ?) e que reunia boxeadores e “capoeiras”. Em página de um Diário do Pará muito antigo há foto de uma dupla negra (fazendo aú) que precisa ser identificada, se isso fôr possível. Entre os vivos, aqui em Belém, os mestres Marrom (no Guamá)  e Pica-pau (no Jurunas) são muito antigos, Zeca (no Bengui) e China (na Guanabara) também. Quando aqui esteve — em 1981 — meu irmão presenciou Sérgio Nazaré “Zumbi” já ensinando. Os 2 nomes “mais famosos” teriam “aportado” em Belém em 1974 e 76, encontrando aqui um certo Lourival fotógrafo e, o outro, seu amigo carioca “Babel”… acredite quem quiser ! O fato é que a ORIGEM da Capoeira em Belém ainda é… um MISTÉRIO ! 

“NATO” AZEVEDO (em 10/jan. 2021, 19hs)

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